quinta-feira, 28 de julho de 2011

cento e oitenta tigres ao meu redor.

você parece tão mais novo
- mas tão pouco
sincero

guardo em ti,
em mim)
as chaves.

labirinto debaixo
de cada carnaval.
quando a vida arde, o que resta são
rugidos.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

os tigres levantaram cedo e saíram a pescar. ao verde, sentiam pontadas, contorções no estômago, o oposto da luz. os tigres, estômagos revirados, vêm com a lua em peixes: são naufrágios. molham as patas ás águas, arrefecem em pedras (e areia) e morrem em soluços. acreditam piamente que ninguém, jamais, os vira. mas até a noite, essa estranha, já sabia de tais planos. sabia que estão a um passo da armadilha - os tigres e seus túneis.

terça-feira, 19 de julho de 2011

eu queria te dizer que existe, sim, amor, e que ele mora aqui, sim, logo perto, ao alcance da mão, da chave, de algo tocável - mas só me vem o cheiro da distância.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

mas daí que: existe em algo em você que brilha. sempre teve, acho. nessa vida, é raro a gente encontrar pessoas boas, realmente boas. eu, por exemplo, não me considero uma delas. e não é de sacanagem, não: é mais questão de tentativa e erro. vejo em você, no cuidado que você tem com as pessoas, uma alma realmente boa. o que é raro, tão raro.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

nessas horas eu lembro de você: você, que corria nu pela sala, atravessando os papéis. você: que escalava as paredes até encostar as mãos no teto antes de escorregar trôpegamente até o chão. quebrar os dedos, perder a chave de casa. nessas horas, lembro de você e das músicas largadas pelo meio, das canções que ninguém escreve mais (alguém ainda conhece a palavra absurdos?) agora é revirada, astronautas na cozinha, revirando panquecas em panelas velhas e verdes: quer ouvir a mais nova versão de roberto carlos? existem caminhos, caminhos a serem desvendados (correm pelos seus, a finura dos seus, belos dedos).